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Foto: siaapm.cultura.mg.gov.br

 

LINDOLFO XAVIER

 

( 1876-1966 )

 

Minas Gerais- Brasil

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIS – POEMAS

 

JOÃO RAMALHO

 

Ao ver pisar no ermo inculto
Do aventureiro o vulto audaz
Brada o cacique alteiando o vulto,
Tirando a flecha do carcaz:
— Morte ao traidor, que vem assim
Entrando a verde Pindorama,
Com o seu calção e o espadim
Manchar do índio a glória e a fama!
Morte ao emboaba feiticeiro,
Que a vil cobiça na alma traz
E já saltando da piroga
Pisa esta terra guaianás!
E ao cacique que o interroga
Responde o estrangeiro audaz
— Sou João Ramalho, o aventureiro
Que vem da Europa num veleiro,
Para ensinar a lei e o culto
Ao índio bravo brasileiro.
— Quem sois, ó branco altivo e nobre,
Quem sois, ó grande Perudá,
Que assim ousais, sem companhia,
Vir penetrar à luz do dia
Entre o caboclo cor de cobre,
Neste deserto do Anhangá?
— Eu sou o forte João Ramalho,
Robusto e são como o carvalho
Por estes céus que não têm fim.
Vim de onde raia a madrugada,
Por ver a terra alcandorada
Onde decanta a passarada
Nas copas verdes do aracuim.
— Sejais benvindo, ó forte emboaba,
Entre a nação Piratinim.
Podeis entrar a quieta taba,
Com o calção róseo e o espadim,
Que em vez das selvas perfurantes
Tereis as dansas e o cauim.
— Por á se contam muitas lendas
Que minas de oiro e de rubim,
Que brotam virgens sobre as fendas
Das penhas brutas e sem fim.
Contam-se histórias fascinantes
De ninfas que amam uns gigantes,
Todas ornadas de brilhantes,
Morando neste ermo jardim.
— Mas não tenteis, ó Perudá,
com vis embustes e ambições,
Trair os filhos de Anhangá
Que vos recebem nos sertões.
É branda e dócil a ariranha
E anda tranquila ano covil,
Mas se uma cobra um dia a assanha,
Mostra-lhe a garra varonil.
O jacaré anda na mata
Com os olhos sempre no seu ninho;
Se alguém a prole lhe maltrata,
Aferra os dentes, sem carinho.
Tomai cuidado, ó branco emboaba,
Andai com jeito e de mansinho
Por esta taba do pajé;
Que o velho morubixaba
É filho do jacaré.
E João Ramalho sorrindo
Vendo aquelas expressões,
Vai do cacique inquirindo
Estas e outras questões:
— Dizem que há muita prata,
Muito oiro e muito diamante,
Muitas pedras preciosas
Para a gente se adornar?
— Não, meu caro João Ramalho;
Mais que a prata ou o diamante,
Ou que o oiro vos tentar,
Há os olhos muito belos
De Bartira esbelta e airosa,
Que tem formosos cabelos,
Pensativo, almo semblante,
Que são lindos setestrelos
Para vos enfeitiçar.

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A COLONIZAÇÃO. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

 

Martim Afonso de Sousa os duros sertões pisa,
Com o tupi valoroso útil comércio trava;
E com o Tibiriçá de São Paulo realiza
O alicerce fecundo, entre a terra erma e brava.
O amor de João Ramalho e a índia Bartira toma,
E do nascente lar, que surge na floresta
A progênie de um povo em ermo ao ermo assoma,
No alvo Piratininga, engrinaldado em festa.
Pero Lopes de Sousa emerge ao sul e ao norte,
Ergue Itamaracá, Santo Amaro levanta,
E com esses capitães ressurge a gente forte,
Na terra onde a torcaz e a patativa canta.
Pero Góis da Silveira o Paraíba sobe,
Por Itapemirim, por Macaé avança;
E com os seus, que domar o bugre agreste soube,
Da vila da Rainha os fundamentos lança.
Vasco Coutinho, além, na terra Capichaba,
Do Luso as plantas põe, num ruidoso tropel;
E da ilha à serra azul, sob a majestosa aba,
Enche do seu domínio a terra de oiro e mel
Domando com labor a gema impérvia e bruta
Com a pompa a refulgir de Donatário nobre,
Contra o duro Aimoré trava áspera luta.
Coutinho cai vencido e morre triste e pobre.
Cincoenta léguas são de litoral bravio
Que de Pero Tourinho o feudo se protrai.
Quatrocentos de fundo — é um retângulo esguio
Desde Porto Seguro até o Paraguai.
Toda essa terá em flor Tourinho vende um dia,
Por uns simples dobrões, no abandono profundo.
Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia!
Por uma vil pensão Tourinho vende um mundo!
De Jorge Figueiredo a cobiçosa joia
De Ilhéus dorme ignorada em completo abandono;
O veneno da intriga e d ambição corrói-a
E esfuma-se perdida a pérola, sem dono.
A terra da pimenta e do cacau cheiroso
De Francisco Coutinho acode à nobre senha.
De Ilhéus ao São Francisco o coqueiral flexuoso
O nome lhe repete e ecoa pela brenha.
Mas o infiel colono as ordens não lhe escuta
E com o Tupinambá, num rubro desafio,
Assanha Itaparica em sanguinosa luta
E morre o Capitão nas bocas do gentio
Desde onde Paulo Afonso, em catadupas rola
Até o Iguassú, que banha a pátria infinda,
A terra Tabajara em carícias se evola,
E em meio aos canaviais desponta airosa Olinda.
Aí, com a gente branca o sangue tabajara
Em ondas de mistura e a lei tranquila impera.
Ao povo Duarte Coelho impõe a sua voz preclara,
E no labor fecundo a colônia prospera.
Graças ao seu prestígio, ó venturoso Coelho,
Veneza ressurgiu sobre as terras da América,
Mirando os seus frontões no sorridente espelho
Do alvo Capiberibe, em luxúria feérica!
Esta é a tua filha, ó grande e forte Duarte!
Pernambuco te louva e a fama te bendiz!
Plantaste Atenas no ermo e o seu róseo estandarte
Diz que dos Capitães tu foste o mais feliz


*

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Página publicada em outubro de 2021


 

 

 
 
 
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